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análise do filme ILHA DA FLORES, de Jorge Furtado


INTRODUÇÃO TEÓRICA


As observações que se seguem visam demonstrar uma hipótese que à primeira vista pode soar tão incompreensível quanto surpreendente: os astros determinam a nossa visão de vida, ou seja, a maneira muito particular como cada um de nós vê e aborda o mundo.


Para demonstrar tal hipótese, nada melhor do que analisar filmes de cinema, justamente porque esta forma de expressão é considerada “a arte da visão” por excelência. Através desta análise, será possível perceber que cada cineasta tem um modo de ver muito característico que não só se repete ao longo de sua filmografia, mas que também se manifesta no modo como vive, em sua biografia, sendo ambos diagnosticados pelo seu mapa astrológico.


E isto ocorre porque, para a Semiótica [1], toda obra artística tem uma estrutura interna que a sustenta e edifica. Já para a Biografia [2], toda vida humana tem um script que lhe dá uma desenvoltura bastante característica. Por incrível que pareça, vida & obra configuram um certo padrão através do qual o artista – o ser humano – pode ser reconhecido.


A tese lançada por este trabalho é aquela que se encontra expressa na Astrocaracterologia elaborada pelo filósofo Olavo de Carvalho [3]: este padrão, tanto estético quanto biográfico, pode ser diagnosticado pela estrutura do céu representada em um mapa astrológico, considerado no entanto pelo seu aspecto cognitivo, tal como a obra do grande filósofo e astrólogo árabe Mohieddin Ibn’ Árabi [4] já deixava entrever em pleno século XIII e para quem os planetas celestes representavam certas “potências da alma”.


Neste sentido, perceberemos que a Astrologia se torna o elo, o pano de fundo comum e intermediário entre a Arte e a Vida.


Entendendo a personalidade humana: a constelação de valores pessoais


Para Gordon W. Allport [5], um dos nomes mais conhecidos da Psicologia contemporânea, o homem, no decorrer da sua evolução e confrontado com um número cada vez maior de solicitações, se viu forçado a desenvolver um sentido discriminatório da importância das mesmas. Ou melhor: os problemas impostos pela vida sempre exigiram que o homem escolhesse, levando-o a conferir um sentido de importância maior a algumas experiências e a relegar as outras a uma posição secundária.


Para Allport, esta eleição hierárquica ocorre porque há experiências que são centrais para o sentido de existência do sujeito; experiências, estas, que concorrem para o desenvolvimento do seu sentido de identidade. Ao se tornar adulta, a criança deixa de se identificar somente com os seus pais e passa a procurar referências nos grupos, na nação e, num grau último, em certos valores e ideais. Num certo sentido, ela descobre que há valores com que se preocupa profundamente e que a sua personalidade reflete e encarna.


Por isso é que, para ele, os ideais e os valores exercem um papel tão fundamental no desenvolvimento psicológico: são eles que determinam a quê o individuo vai subordinar livremente a sua vida, traçando um esboço daquilo que pode ser chamado de “projeto vital”. Aliás, o próprio Allport emprega um termo da filosofia medieval para lembrar que há uma “intencionalidade” movendo a vida humana – e que esta intencionalidade representa justamente a forma muito particular como alguém se dirige para o futuro. Essas amplas disposições intencionais só podem apontar para um futuro, e determinam por isso mesmo os traços mais marcantes da personalidade de um sujeito – os traços que justamente lhe dão forma.


Por isso é que, para Allport, a personalidade humana só se firma e desabrocha quando se mantém fiel a uma hierarquia de interesses. E é por isso que só se conhece alguém quando se conhece a sua “ordo amoris”: as aspirações que o sujeito nutre com relação a si mesmo, a sua auto-imagem ideal. É ela quem traça uma linha pela qual o indivíduo se orienta e escreve a sua própria história. Aliás, uma grande parte do desenvolvimento psicológico só se realiza por causa desta auto-imagem: é ela quem nos auxilia a combinar nossa visão do presente com nossa visão de futuro. É ela quem define na maioria das vezes uma ambição profunda e sadia e, por isso mesmo, pode ser tomada como um “mapa cognitivo compreensivo” da personalidade individual.


Desse modo, para se compreender uma personalidade humana, basta que prestemos atenção nas direções principais do seu esforço ao longo de toda a sua vida, por maiores que sejam as tensões que daí advenha. Basta que consideremos a constelação de valores em torno do qual a vida do sujeito orbita ou, como já defendia Spranger [6], o sistema de valores que o sujeito encarna. São estes valores que conferem uma marca muito própria à personalidade e submetem a vitalidade psicológica a uma rede de significados, selecionando e inibindo motivações de outras ordens.


O que no entanto impressiona este notável pesquisador é que estes valores não são infinitos em número – e que por isso mesmo os profissionais que trabalham com psicodiagnósticos deveriam desenvolver um teste que permitisse detectar essas unidades mais compreensivas da personalidade.

Que teste poderia ser este? Se não estiver enganado em minhas análises, creio que o mapa astrológico cumpre exatamente esta função: diagnosticar a constelação de valores fundamentais em torno da qual a vida de cada pessoa orbita, fazendo justamente com que uma se diferencie da outra.


Entendendo a personalidade humana: as direções da atenção


Para Ludwig Klages [7] que elevou os estudos tipológicos à categoria de ciência, ao tentarmos definir e descrever um indivíduo, deve-se perceber como ele se manifesta e reage às circunstâncias e, desse jogo de ações e reações, deve-se notar sobretudo os seus comportamentos mais constantes – a que ele dá o nome de caráter.


Esta definição está baseada na etimologia da própria palavra que, em grego (charassein) designa o ato de marcar, cunhar e, por conseqüência, as marcas, os traços e as propriedades mais características de um ser que o distinguem dos demais. Aliás, a palavra chassi é derivada deste vocábulo e, como sabemos, o chassi de um carro traz gravado em si um número que lhe é próprio e distintivo.


Para Klages, o caráter é a base da personalidade e revela a sua condição natural e inerente, sobre a qual incidem todas as outras influências, sejam elas sociais e até mesmo psicológicas. Se o indivíduo pode ser considerado como uma “tabula rasa” sobre a qual a vida se escreve e tal como uma vertente da psicologia da época costumava defender, para Klages, cada indivíduo - cada “tabula rasa” - era composta de uma matéria diferente e por isso, caso fosse de pedra ou de argila ou de vidro ou de papel sofreria diferentemente a cada influência recebida. O caráter, para ele, é a matéria básica da personalidade.

No entanto, a dificuldade em compreender esta camada da personalidade e de levar adiante os estudos sobre a diferença e a singularidade humana se deu por conta de uma confusão cometida ao longo da história da psicologia: os instintos (triebe) foram confundidos de tal modo com os interesses (triebfedem) que se tornou praticamente impossível compreender o jogo dialético que estas duas forças impõem uma à outra e, sobretudo, o papel de cada uma no desenvolvimento psicológico e na construção da personalidade – sobretudo o papel dos interesses, que determinam as direções da vontade individual.


Esta observação de Klages coincide com uma das críticas mais ácidas que o próprio Allport fez à psicologia corrente, pois para ele a grande maioria dos estados da mente só pode ser adequadamente descrita em termos de futuridade, ou seja, ao se entender a grade de interesses e de valores que move um ser humano. Mas para isso seria necessário desenvolver um tipo de abordagem psicológica que transcendesse a tendência que ainda hoje prevalece de explicar o homem única e exclusivamente em função do seu passado, visto que o futuro também move e determina o ser humano.


Por isso é que, para Klages, o caráter é definido como “uma unidade viva, ou a qualidade distintiva essencial de uma alma individual. Afinal, todo homem é dotado de uma alma, mas possui, além disso, um espírito, quer dizer: ele é um eu ou um si. Por isso, num sentido muito específico, o caráter é a qualidade da vontade pessoal, assinalando condições constantes que revelam uma certa direção preferencial de um eu ou de uma consciência - o que determina, portanto, entre outras coisas, as metas às quais alguém se sente impelido" [8].


Vemos, assim que, para este notável pesquisador, o que distingue um ser humano do outro é a direção preferencial da sua atenção que, em outras palavras, quer dizer: aquilo a que alguém presta atenção e olha.


Klages, aliás, tem uma maneira muito interessante para provar que cada indivíduo se diferencia de outro por conta deste olhar, desta atenção, desta grade de valores específica. Ele diz: se um indivíduo pode ser considerado honesto, que motivos e razões ele teria para proceder como tal? Para Klages, há sujeitos que são honestos justamente porque querem passar a melhor imagem de si mesmos, enquanto há outros que assim agem por receio do código penal. Desse modo, ele tenta demonstrar que por detrás de uma mesma característica e de um mesmo comportamento – a honestidade, por exemplo – há um valor que os distingue. Há, por detrás dos comportamentos, todo um olhar, toda uma atenção voltada e roubada por este ou aquele valor.

E, da mesma maneira que as constelações celestes sempre serviram e ainda servem de guia para orientar os navegadores, quem sabe elas prefigurem - de uma maneira surpreendente e inexplicável - esta constelações de valores que nos move ao longo de toda nossa existência.


A Astrologia e as 12 direções da atenção


O sistema astrológico sempre foi considerado uma espécie de catálogo onde o ser humano foi registrando e depositando, ao longo dos séculos, todas as experiências que lhe eram mais recorrentes e fundamentais. E se analisarmos mais de perto um dos componentes deste sistema – o sistema das Casas Astrológicas – perceberemos que ele descreve exatamente a perspectiva que se abre entre o sujeito nascido e o mundo em torno, isto é, entre um posto de observação e a esfera celeste, demarcando por isto mesmo um campo de atenção.


Por isso, se há alguma estrutura do mapa astrológico capaz descrever e diagnosticar os diferentes campos da atenção humana, esta é exatamente aquela de que se compõe o sistema das Casas Astrológicas. É ela quem descreve os possíveis campos da atenção individual, ou melhor, as perspectivas humanas fundamentais, através das quais tudo é percebido, sentido e até mesmo alterado.


Mas... que perspectivas fundamentais são estas, através das quais cada indivíduo, a sua maneira, procura ver o mundo e se orientar?



CASA 1

sob a perspectiva da identidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS PERSONALÍSTICO

se mobiliza pela imagem que tudo passa e projeta


CASA 2

sob a perspectiva da vitalidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS SENSORIAL

se mobiliza pelo aspecto físico e material das coisas

CASA 3

sob a perspectiva da comunicabilidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS LINGÜÍSTICO

se mobiliza pelas idéias explicitadas e ainda implícitas

CASA 4

sob a perspectiva da interioridade

caracteriza o indivíduo de VIÉS EMOCIONAL

se mobiliza pelas exigências e pressões emocionais

CASA 5

sob a perspectiva da capacidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS VOCACIONAL

se mobiliza pelo desempenho e méritos próprios


CASA 6

sob a perspectiva da organicidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS SISTÊMICO

se mobiliza pelo todo esquematizado e o seu funcionamento equilibrado


CASA 7

sob a perspectiva da alteridade

caracteriza o indivíduo de VIÉS INTERPESSOAL

se mobiliza pela reciprocidade e pelos diversos níveis de relacionamento


CASA 8

sob a perspectiva da adversidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS TRANSFORMADOR

se mobiliza por processos que gerem mudanças e alterações


CASA 9

sob a perspectiva da universalidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS LEGISLATIVO

se mobiliza por princípios e regras gerais que gerem certezas e orientem


CASA 10

sob a perspectiva da coletividade

caracteriza o indivíduo de VIÉS SOCIAL

se mobiliza pelas exigências e pressões sociais


CASA 11

sob a perspectiva da posteridade

caracteriza o indivíduo de VIÉS PROJETIVO

se mobiliza pelas perspectivas futuras e pelo projeto a realizar


CASA 12

sob a perspectiva da finalidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS MACROSCÓPICO

se mobiliza por forças maiores que determinam o fim e o rumo de tudo


Estas perspectivas se tornam determinantes para cada indivíduo à medida que um dos sete planetas da Astrologia Tradicional[9] se coloca em uma destas Casas do seu mapa natal, configurando assim os focos naturais da sua atenção e conferindo um sentido de importância maior a estas experiências e não as outras, representadas pelas Casas que se encontram vazias.


No entanto, para que esta hipótese seja demonstrada, nada melhor do que avaliar filmes de cinema, feitos por diretores com obra de cunho autoral, verificando em que medida ela se mostra marcada por certo tema – revelando, assim, uma direção preferencial da sua atenção.


É o que pretendo demonstrar agora com a análise do filme que se segue.



ANÁLISE DO CURTA METRAGEM ILHA DAS FLORES [10], DE JORGE FURTADO, 1989 [11]



“Hoje, quase todo mundo que vive nos centros urbanizados do Ocidente sente intuitivamente a falta de alguma coisa na vida. Isto deve-se diretamente à criação de um ambiente artificial de onde a natureza foi excluída ao limite máximo possível. Mesmo o homem religioso, em tais circunstâncias, perdeu a noção do significado lógico da natureza. (...) Que se destruiu a harmonia entre homem e natureza é um fato que a maioria das pessoas admite. Mas nem todos percebem que este desequilíbrio se deve à destruição da harmonia entre o homem e Deus.(...) É esta razão porque se faz necessário começar nossa análise ocupando-nos primeiramente das ciências naturais e dos pontos-de-vista que dizem respeito ao significado filosófico e teológico das mesmas e, a seguir, das limitações a ela inerentes – e que são responsáveis pela crise que a aplicação e aceitação da visão de mundo destas ciências trouxeram ao homem moderno.”

SEYYED HOSSEIN NASR, em O Homem E A Natureza

A história


A história de Ilha das Flores se passa, a princípio, numa plantação de tomates e tem como protagonista – pasmem vocês – um tomate. É em torno do tomate que o enredo da história gira, mostrando os sucessivos personagens que vão se relacionando com o mesmo e que dão uma desenvoltura toda própria a história. Ele é o elo de integração com os outros personagens do drama e, por isso, ora na sua versão madura, ora na sua versão estragada, vai compondo um refrão que, de repetição em repetição, dá uma cadência melódica muito especial à narrativa.


Eis os “grandes personagens” que participam deste enredo:


  • o Tomate plantado em Belém Novo, bairro de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, na latitude 30:12:30 sul e longitude 51:11:23 oeste e que, diferentemente das baleias, galinhas e japoneses, é um vegetal, cultivado pelos humanos como alimento desde 1800, sendo que o planeta já cultiva 61 milhões de tomates por ano;

  • o Sr. Suziki, o plantador de tomates, japonês, que se distingue pelo formato dos olhos, pelos cabelos pretos e pelo nome característico e que, como todo ser humano, é um mamífero, bípede, mas que se difere das baleias e das galinhas por ter o telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, sendo por isso mesmo capaz de processar e armazenar inúmeras informações e também de manipular objetos pequenos com muita precisão, sendo que qualquer ação ou objeto produzido pelo ser humano é fruto da conjugação deste dois fatores, isto é, do telencéfalo altamente desenvolvido e do polegar opositor;

  • o Dinheiro, iniciativa provável de Giles, Rei da Lídia, grande reino da Ásia menor que no século VII AC viu-se diante da dificuldade de manter o sistema de troca direta de produtos, já que se tornava cada vez mais inviável pesar o número adequado de tomates na troca por uma galinha ou o número adequado de galinhas na troca por uma baleia; situação, esta, que acabou gerando, mais tarde, os Supermercados, onde os produtos são trocados por dinheiro e vice-versa;

  • a Dona Anete, bípede, mamífero, católico-apostólico-romano, que tem também o telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor e é, por isso mesmo, um ser humano, que troca seu dinheiro por tomates no supermercado, sendo seu dinheiro obtido pela margem de lucro de uma outra troca que realiza com uma fábrica de perfumes, de quem compra seus produtos e passa, por sua vez, a trocá-los por dinheiro através das visitas que realiza de porta em porta, sendo também quem compra o tomate para fazer molho para sua carne de porco comprada também no supermercado;

  • o Porco, mamífero tal como a baleia, porém quadrúpede; serve como alimento para japoneses, católicos e outros seres humanos, exceto para judeus; não tem o telencéfalo altamente desenvolvido e sequer um polegar, que dirá opositor;

  • o Lixo, onde o porco habita e mora e para onde um dos tomates sem condição de virar molho foi endereçado, sendo um lugar longe para onde todos os produtos de origem orgânica e inorgânica são destinados para livremente cheirarem mal, sujarem e atraírem doenças de todos os tipos que acabam prejudicando o bom funcionamento dos seres humanos, sendo que uma população como a de Porto Alegre (que é de 1 milhão de habitantes) produz 500 toneladas de lixo por dia e sendo todo este empreendimento fruto também da conjugação do telencéfalo altamente desenvolvido e do polegar opositor do ser humano, muito embora este lixo fique num terreno que tem um dono e que, apesar de possuir também o telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, tem – também - dinheiro que troca com mulheres e crianças que, apesar de possuírem também o telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor, não têm dinheiro e nem dono e que, por isso, em grupo de dez, têm cinco minutos para atravessar o cerco em torno do lixo e catar os alimentos – e os tomates – que foram considerados impróprios para a alimentação dos porcos mas que, agora, estão disponíveis para a alimentação delas.

A maneira com que acabo de apresentar os personagens procura reproduzir o mesmo tom enciclopédico e pedagógico com que a história é narrada em off pelo ator Paulo José, e que dão ao filme uma certa atmosfera de documentário, quebrada repetidas vezes por tiradas de ironia e graça que vão subterraneamente se transformando numa espécie de piada inusitada e macabra, embalada por diversas intervenções musicais inspiradas na obra de Carlos Gomes O Guarani.


Digo piada inusitada e macabra porque este lugar para onde o tomate do início da história é levado para livremente apodrecer e cheirar mal (visto que não serve de alimento para a Dona Anete e a sua família e nem para o porco e para a família do porco, se tornando no entanto o alimento de mulheres e crianças que não têm dinheiro e nem dono) se chama Ilha das Flores: uma lixeira a céu aberto que fica numa ilha, numa porção de terra à parte do continente, onde a ordem natural das coisas se processa de uma maneira completamente inversa e quase que avulsa.


Literalmente, é disto que o filme trata: a inversão de uma ordem natural, a ponto dos seres humanos ficarem abaixo dos porcos na prioridade da escolha de alimentos. E, é claro, na escala de vida. Afinal, já há pessoas que estão vivendo pior do que os porcos.


A maneira como a história é contada


O que mais impressiona o espectador ao longo da projeção de todo o filme é a maneira como ele é narrado e contado: ao apresentar o personagem 1 e, na seqüência, o personagem 2, retoma a menção do personagem inicialmente apresentado e assim prossegue indefinidamente até o último personagem, sempre indo adiante e apresentando um novo personagem e depois retroagindo à série de personagens que foram apresentados, revelando através deste jogo de construção & desconstrução uma cadeia de relações e mostrando exatamente qual o lugar de cada personagem dentro desta cadeia – ou, senão isto, pelo menos pontuando, através de um refrão que soa inicialmente cômico, quais são os personagens e quais são as relações que se estabelecem entre eles e que, no fim, formam uma grande engrenagem. Deste modo, a cada vez que um personagem é apresentado, mostra-se a série de relações que ele mantém com outros que normalmente estão a sua volta e assim, ao apresentar o personagem e a sua circunvizinhança natural, sempre se revela a maneira como ele está atado ao personagem seguinte e aos outros que vão aparecendo, construindo um verdadeiro ecossistema de relações que se estabelece entre os fatores apresentados, tal como tento ilustrar abaixo:

lixo tomate Sr. Suzuki supermercado

lixo porco Dona Anete fábrica de perfume

fora da ordem ordem natural ordem humana ordem econômica

Afinal, se o tomate e o porco podem ser situados numa ordem que chamo de natural, o Sr. Suzuki e a Dona Janete numa ordem que chamo de humana e o supermercado e a fábrica de perfumes numa ordem que chamo de econômica, não deveria o lixo ficar justamente numa situação chamada fora de ordem, visto que ele é levado para bem longe da cidade, para fora do continente, onde justamente se situa a Ilha das Flores, vindo a constituir propriamente esta chaga estranha e anômala que inverte e invade a ordem dada?


Mas o que torna este filme deveras interessante é que a maneira como a história é contada coincide com o próprio assunto abordado de um modo tão magistral que, juntos, forma e conteúdo, se propõem a revelar e desvelar um mesmo tema: o equilíbrio (ou desequilíbrio) de um ecossistema. Afinal, do ponto de vista do argumento, o assunto do qual se trata não é o da formação de um ecossistema que se vê subitamente abalado por um fator que passa a entrar no jogo (o dinheiro) e que acaba por inverter a ordem natural das coisas? E o que falar da forma especial como este argumento é tratado e que, através da própria técnica de montagem, interliga imagem à imagem formando um todo, tal como na cena em que o dinheiro e os vários artefatos da produção humana vão se conjugando e empilhando, revelando uma grande espiral de imagens que acaba sendo coroada no centro por um slogan publicitário que anuncia: “Bruna, você usa soutien com lycra?”

Esta é a tese que pretendo defender: neste filme, conteúdo & forma estão unidos de forma tão indissolúvel que aquele assunto do qual o argumento trata é o mesmo que se reflete no tratamento dado às imagens utilizadas e vice-versa, de modo que a própria montagem traduz o assunto do qual se ocupa o argumento. Um não vive sem o outro, e o outro não vive sem o um, como os dois lados de uma coisa comum, o que faz com que a estrutura estética desta obra possa ser chamada de especular. Afinal, o que se reflete ali, se reflete lá, como num jogo de luz casado e contínuo.


E, só por isso, Ilha das Flores, já se torna um filme digno de atenção e de uma análise mais profunda, do qual no entanto me aproprio para demonstrar a relação existente entre a cognição individual e a estrutura celeste.


Ilha das Flores: símbolo do desequilíbrio cósmico


O tema do equilíbrio ou do desequilíbrio sistêmico está presente tanto no argumento do filme como na edição das imagens. Está presente também em uma imagem fundamental que se torna recorrente ao longo da narrativa, formando quase um refrão: o planeta Terra em movimento de rotação, girando em torno do seu próprio eixo. Ela aparece em momentos significativos:


  • na própria abertura do filme (o que a coloca numa posição de destaque), tornando-se símbolo de algo que ainda não sabemos muito bem o que é e que a narrativa virá a revelar;

  • implícita na menção da latitude e longitude de Belém Novo, lugar onde se situa a plantação de tomates, cenário onde se inicia a história;

  • na cena em que se demonstra literalmente que um dia equivale ao tempo que a Terra leva para girar em torno do seu próprio eixo, sendo pois o fator responsável pela formação das nossas horas e de como distribuímos os nossos afazeres ao longo de uma jornada;

  • segundos antes em que a imagem de uma lente de um microscópio contendo germes em movimento é rapidamente exibida, justamente no trecho em que se mostra como as doenças “acabam prejudicando o bom funcionamento dos seres humanos”, sendo que a forma circular da lente do microscópio é superposta a forma circular do nosso planeta Terra, traçando assim um paralelo entre o macrocosmo e o microcosmo e prefaciando aquilo que acredito ser o tema do filme: o equilíbrio cósmico. Ou o seu desequilíbrio.


Aliás, a forma circular é, por excelência, o símbolo retomado ao longo de todo o filme, sendo o movimento de rotação da Terra somente uma de suas variantes. Ela aparece, por exemplo:


  • personificada no próprio tomate que tem uma forma arredondada e que, por mais simples e inócuo que seja, é comparado em certo momento a uma nuvem da bomba atômica, estabelecendo outro paralelo entre equilíbrio natural e desequilíbrio anti-natural – além, é claro, da sua versão ora madura, ora estragada personificar respectivamente uma situação de equilíbrio e de desequilíbrio;

  • personificada pelo telencéfalo humano, dentro do qual várias imagens se processam, como em um caleidoscópio;

  • no esquema traduzindo a proporção existente entre a produção de tomates do Sr. Suzuki e a produção brasileira que, por sua vez, é medida dentro da escala da produção mundial;

  • traduzida na maneira quase enciclopédica com que o filme é narrado (kyklos = ciclo + paidos = educação), circulando pelos assuntos mais variados;

  • na própria concepção de ilha que é definida como uma porção de terra cercada de água por todos os lados.


No entanto, o que devemos considerar é que a forma circular e mais propriamente o círculo é o símbolo por excelência da perfeição, da coisa inteira, tendo sempre um centro e uma periferia, sendo o seu centro invisível e o seu contorno periférico a circunferência propriamente dita. Esta invisibilidade do centro sempre foi interpretada - pelas cosmovisões tradicionais[12] – como o Princípio Maior de onde tudo se origina, enquanto a circunferência representa a inesgotabilidade e a variedade da manifestação do Princípio Maior, o próprio Mundo. Por isso, dentro da concepção simbólica das cosmovisões tradicionais, a circunferência é o símbolo do mundo em sua imensa variedade e multiplicidade, enquanto o seu centro (invisível) é o símbolo de uma ordem suprema de onde tudo se origina e para onde tudo se converte.


Levando em conta essa concepção, parece que o filme trata à princípio do equilíbrio e do desequilíbrio cósmicos – mas não no sentido ecológico como geralmente interpretamos o bom ou o mal andamento do nosso sistema terrestre. E isto porque a imagem do planeta girando pontua no filme uma ordem em torno da qual tudo deveria girar, mas que - estando ausente - permite justamente com que a ordem natural das coisas se inverta, o caos se estabeleça, favorecendo o surgimento de lugares tal como Ilha das Flores.

E que ordem faltante é esta? Ela já se encontrada anunciada, aliás, desde o início da película, antes mesmo que a primeira imagem se apresente, a saber, a do globo girando. Neste momento, são exibidas três frases sobre um fundo preto, uma por vez, imprimindo à história uma conotação que não é social e nem ecológica, como ocorre nas interpretações costumeiras do filme.


Primeira Frase: “Este não é um filme de ficção”.

Segunda Frase: “Existe um lugar chamado Ilha das Flores”.

Terceira Frase: “Deus não existe”.


A ordem faltante é aquela que podemos depreender desta terceira frase mas que talvez não prestamos atenção o suficiente à medida que o filme foi prosseguindo: a ordem faltante é Deus. É de cunho espiritual. E é pela sua ausência que assistimos a tragédia como a que ocorre em Ilha das Flores.


Nas cosmovisões tradicionais, a ordem suprema era a ordem celeste e toda ordem natural e humana deveria se espelhar e copiar a ordem espiritual, de modo que uma sociedade considerada ordenada e equilibrada seria aquela que procurasse ser à imagem da esfera celeste. Temos um exemplo disso na fundação das cidades segundo o rito que os romanos haviam recebido dos etruscos, e também na repartição dada aos próprios acampamentos pelos hebreus que, mais tarde, se estendeu ao território de todo o país[13].


Não parece, pois, que é este tipo de paralelo que o filme tenta estabelecer: um paralelo entre a ordem social e a ordem cósmica, tal como entendida pelas cosmovisões tradicionais? Se assim for (e acredito que seja), se torna necessário acrescentar ao esquema anteriormente elaborado este grandessíssimo fator ausente da sociedade moderna, de modo a obter a seguinte configuração sistêmica:


ordem espiritual: Deus

ordem econômica: Supermercado, Fábrica de Perfumes

ordem humana: Sr, Suzuki, Dona Anete

ordem natural: tomate, porco

fora da ordem: lixo

Ademais, somente esta configuração parece ser exata, visto que a supressão de um dos pólos (Deus) significa necessariamente a inflação do pólo oposto (o Lixo). Poderíamos, assim, conceber o Lixo como uma ordem que – pela supressão da ordem espiritual – acaba tomando a dianteira, substituindo-a definitivamente. Já disseram que vivemos num mundo sem Deus. Talvez isto seja o mesmo que dizer que vivemos na era do Lixo[14], onde tudo se torna descartável - inclusive o Homem.


Não seria, pois, Ilha das Flores um filme que mostra como os fatores de diversas ordens vão se interagindo dentro de uma seqüência específica e que, na ausência de um Fator Determinante, acaba criando uma nova ordem, uma ordem avulsa e aparte de todo o ecossistema, que expressa a inversão de tudo e age tal como uma doença?


Creio que sim. E se a mensagem é esta, que ela sirva de alerta para o modo como há séculos estamos dispondo das nossas horas e distribuindo os nossos afazeres ao longo desta jornada que, no final das contas, se chama vida. Afinal, mesmo que durante os créditos finais apareçam frases que lembrem que este filme, na verdade, foi feito por Jorge Furtado, que a última frase do texto, na verdade, é do Romanceiro da Inconfidência da Cecília Meireles, que os temas musicais, na verdade, foram extraídos do Guarani de Carlos Gomes, que os personagens, na verdade, são tais e tais atores e que, na verdade, a maior parte das locações foi rodada na Ilha dos Marinheiros, a dois quilômetros da Ilha das Flores, todo o restante desta obra de ficção se mostra como sendo extremamente verdadeira, tal como o próprio filme anuncia: “o resto é verdade”.


É com esta frase que se fecha a exibição do filme. Aliás, é também assim que ele começa: lembram-se da frase inicial? De que “este não é um filme de ficção”.


E não é mesmo.

ILHA DAS FLORES: FRUTO DE UMA INTELIGÊNCIA SISTÊMICA



É notável como o curta-metragem Ilha das Flores aborda o desequilíbrio espiritual que estamos vivendo – um mundo onde “Deus não existe”, com todas as suas consequências sociais e ecológicas. Mais notável ainda o seu argumento e a sua edição de imagens que, juntas, remetem explicitamente a uma noção ecossistêmica, demonstrando como todos os fatores estão ligados entre si, formando um circuito absolutamente fechado – um todo cuja integridade depende exatamente do jogo harmônico e equilibrado das suas partes.


Essa noção do todo esquematizado e do funcionamento equilibrado é a noção mais evidente do filme – e é a noção suprema do sujeito cuja inteligência é de natureza sistêmica e orgânica. Aliás, Ilha das Flores é um dos frutos mais expressivos de uma inteligência como esta.


Sob este ponto de vista e de acordo com a hipótese das 12 direções da atenção apresentada no capítulo anterior, o mapa astrológico do seu diretor[15] deveria estar com a Casa VI ocupada por um dos sete planetas tradicionais - o que de fato acontece. Ao calcularmos o seu mapa, vemos que o planeta Saturno se encontra posicionado dentro da Casa VI, o que demonstra a relação existente entre uma configuração astrológica, um tipo de inteligência e uma obra cinematográfica que é a sua mais pura expressão. Vemos, assim, a relação existente entre astros e psique, intermediada e comprovada através de uma obra artística.


E que Saturno seja o planeta a aparecer dentro da Casa VI não é nem um pouco surpreendente e assustador: afinal, para o filósofo árabe Mohieddin Ibn’ Árabi, este planeta está associado a razão humana, àquela necessidade de encontrar um sentido, uma resposta, um entendimento para determinada ordem de experiência. Se levarmos em consideração a tese deste filósofo, teríamos que admitir, mesmo à título de hipótese, que o indivíduo que nascesse com o planeta Saturno localizado dentro da Casa VI procuraria uma razão para o Todo e para o seu funcionamento equilibrado.


Mas não é justamente isso que Ilha das Flores revela e testemunha? Essa característica se revela, entretanto, em outras obras suas. Por ocasião do lançamento do seu novo filme O Homem Que Copiava, a revista Época divulgou em junho de 2003 a seguinte manchete:

“JUNTANDO OS PEDAÇOS

O excelente "O Homem Que Copiava" aposta nas simulações para organizar o quebra-cabeça da vida”

“ESTILHAÇOS

Lázaro Ramos faz o jovem que, tirando fotocópias, vê o mundo em fragmentos”

O próprio diretor Jorge Furtado, em entrevista à Agência Carta Maior, em dezembro de 2003, dá o seguinte depoimento:


“Então, o objetivo era fazer algo sobre fragmentação, com um personagem muito fragmentado. (...) Olha, o Ilha das Flores já é, de alguma maneira, uma tentativa de fazer-se um hipertexto, né? Ele é um hipertexto, antes da Internet, pelo menos da Internet para mim. Era a idéia de que um texto leva a outro texto, uma palavra leva a outra palavra e, no final, as coisas acabavam concretizando-se em uma grande rede. Esta era a idéia do Ilha. E O Homem que Copiava é um pouco isso também (...). Eu, agora, me sinto atraído pelo contrário dessa lógica, em todos os sentidos. É a "unidade", em oposição à fragmentação”.


A uma série de outros depoimentos que se seguem, o entrevistador desta revista, Cláudio Szynkier, comenta:


  • “Isso mostra como o filme constrói-se e molda-se organicamente. Os significados que ele vai adquirindo nascem dentro dele mesmo, às vezes sem ter nada a ver com o que foi planejado".

  • “A descrição inicial que André faz das coisas que cercam o seu mundo sublinha o componente autoral presente no filme. É uma obsessão pela anatomia da realidade, pela dinâmica e influência dos objetos no viver diário do personagem. O dinheiro, quanto ganha, quanto vai sobrar, quanto falta, o que foi possível comprar, quanto tempo necessitaria para comprar aquilo que não foi possível; a copiadora, o que a máquina faz, o chefe, a gostosa; o quarto da menina. Se Ilha das Flores (curta de Furtado, rodado ainda na década de 80) aplicava uma tentativa de "biologia", que compreendia relações humanas e até coisas inanimadas, em O Homem que Copiava o que percebemos é uma intimista análise dos vetores da vida cotidiana de alguém. Mas, nos dois casos, há o apreço pelo ato de esmiuçar, compor a lógica dos ‘mundos’ ".


Não são estes, pois, comentários e depoimentos que testemunham justamente o foco e a direção de uma inteligência que insiste em ver e analisar o mundo de maneira sistêmica e orgânica? Não seria pois Ilha das Flores imagem exemplar criada por uma inteligência que poderíamos chamar de sistêmica? Aliás, o mesmo tipo de inteligência aparece presente e marca a obra de Henry Miller[16], escritor americano, para quem o homem era um todo composto de três partes: Sexus, Plexus e Nexus, os três famosos volumes que compõem a sua obra intitulada A Crucificação Encarnada, uma alusão ao próprio homem cuja imagem é a de uma carne em forma de cruz. Já no episódio Ejaculação da série Tudo o que Você Sempre Quis Saber sobre o Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar, concebido por Woody Allen[17] em 1972, vê-se que uma das partes do corpo humano não está funcionando: o pênis não consegue ter ereção e, ao se apurar a responsabilidade pelo problema, descobre-se que a ameaça se deu em outra parte do organismo: na consciência, revelando, de um modo bem criativo e humorado, como as partes de um mesmo todo estão interligadas.

O que há em comum entre estes três artistas, além do fio narrativo de suas obras ser entretecido por uma perspectiva sistêmica e orgânica? Todos nasceram sob um mesmo fator astrológico, tendo um dos sete planetas tradicionais localizados na Casa VI do seu mapa[18] - motivo suficiente para determinar este tipo de visão e de abordagem. Aliás, um sujeito com tal configuração astrológica será aquele para quem os episódios que envolvem o dia-a-dia, os hábitos, a ordem e a desordem marcarão de modo indelével toda a sua existência e para quem os relógios, os quebra-cabeças, os mecanismos internos, as estruturas, as engrenagens, o ritmo e a harmonia se transformarão em imagens fundamentais na composição da sua obra estética: imagens-chaves que abrem a compreensão desta mesma obra.


Vem daí, portanto, a contribuição que a Astrologia pode dar às análises de conteúdo estético, visto que é este saber quem postula a existência de uma relação estreita entre a cosmovisão individual e a estrutura do cosmos.



CASA 6

sob a perspectiva da organicidade

caracteriza o indivíduo de VIÉS SISTÊMICO

se mobiliza pelo todo esquematizado e o seu funcionamento equilibrado


mapa astrológico de Jorge Furtado




notas:

[1] ANÁLISE ESTRUTURAL DA NARRATIVA, Roland Barthes e outros. Ed. Vozes, 1976.

[2] DE LA CULTURA Y SUS ARTIFICES, Honório Delgado. Ed. Aguilar, Espanha. 1961.

[3] O CARÁTER COMO FORMA PURA DA PERSONALIDADE, Olavo de Carvalho, Astroscientia, 1992.

[4] FUTUHAT MAKKIYYA, obra original do filósofo, sendo organizada e traduzida por Pablo Beneito, faculdade de Múrcia, Espanha.

[5] DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE, Gordon W. Allport, Ed. Herder, 1970.

[6] TYPES OF MAN, E. Spranger. Ed. Halle, Niemeyer, 1928.

[7] LE DIAGNOSTIC DU CARACTÉRE, Ludwig Klages. Puf, Bibliotheque Scientifique Internationale, 1949.

[8] LE DIAGNOSTIC DU CARACTÉRE, Ludwig Klages. Puf, Bibliotheque Scientifique Internationale, 1949, pg.97.

[9] A saber, sol, lua, mercúrio, vênus, marte, júpiter e saturno.

[10] para ver ILHA DAS FLORES: http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=647#

[11] para saber mais sobre o diretor JORGE FURTADO: http://www.casacinepoa.com.br/index.htm

[12] vide OS SÍMBOLOS DA CIÊNCIA SAGRADA, de René Guénon, Ed. Pensamento, São Paulo, 1993, em especial os capítulos A Idéia de Centro nas Tradições Antigas,

[13] SÍMBOLOS DA CIÊNCIA SAGRADA, René Guénon, Ed. Pensamento, 1993, página 88.

[14] vide A CRISE DO MUNDO MODERNO, de René Guénon, Ed. Vega, Lisboa, 1977, em especial o capítulo A Idade Sombria

[15] JORGE FURTADO: 09/06/1959, 9:30 hs, Porto Alegre. Dito a mim mesmo por ocasião da Terceira Conferência Internacional do Documentário: Imagens da Subjetividade, São Paulo, 11/04/2003.

[16] HENRY MILLER: 26/12/1891, 12:30 hs, Manhattan,NY, USA.

[17] WOODY ALLEN: 01/12/1935, 22:55 hs, Bronx, NY, USA

[18] Saturno está posicionado na Casa VI do mapa astrológico tanto de Henry Miller quanto de Jorge Furtado. Já no mapa de Woody Allen é a Lua que se posiciona nesta mesma Casa.

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